Pedro aos 24 anos

Pedro aos 24 anos
Pedro alimentando o pássaro

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Publicação na revista Ciência Hoje - Pedro Gomes - Jornalista

A regra não é clara

Estudo conclui que o olho humano é fisicamente incapaz de detectar a posição de impedimento
Por: Pedro Gomes Ribeiro
Publicado em 10/02/2005


Em toda partida é sempres a mesma história: o árbrito e seus auxiliares marcam o impedimento e a torcida do time afetado se revolta. A televisão mostra o lance quadro a quadro e - pronto - a infração não aconteceu.
Entretanto para o médico espanhol Francisco Maruenda, do Centro de Saúde de Alqueríeis, em Murcía, eles não podem ser considerados culpados. Em artigo publicado no British Medical Journal (BMJ), o médico utilizou cálculos simples baseados na fisiologia ocular para concluir que o olho humano é incapaz de processar todas as informações necessárias para aplicar essa regra.

Segundo a regra da Fifa, um atacante (uniforme branco) está impedido quando, ao receber um passe, se encontra mais próximo da linha de meta adversária do que a bola e o penúltimo defensor. O impedimento não é marcado caso o jogador receba a bola diretamente de um tiro de meta, arremesso lateral ou escanteio. Também não será marcado impedimento se o jogador que irá receber a bola partir antes da linha do meio de campo (imagem: reprodução/ BMJ ). Clique na imagem  para baixar a regra oficial do site da CBF (arquivo PDF, 2481 KB).A identificação do impedimento exige que o árbitro e seus assistentes enxerguem os últimos movimentos de cinco objetos e, ao mesmo tempo, determinem a posição de um em relação ao outro. Eles devem ter a bola como ponto fixo e, simultaneamente, ver a posição dos dois atacantes mais avançados e dos dois últimos jogadores da defesa.

Para entender como a visão humana processa essas informações, Francisco Maruenda recorreu ao conceito de movimentos sacádicos dos olhos, que ocorrem quando se muda o foco de um objeto para outro ou a profundidade do foco. Segundo o médico espanhol, esse procedimento requer um tempo que varia entre 2,1 e 2,8 décimos de segundo, de acordo com a distância dos objetos observados.
O médico argumenta que, para apontar a infração, o juiz precisa, no mínimo, enxergar o jogador que conduz a bola, identificar o atacante mais adiantado que irá receber o passe e o penúltimo defensor. Isso requer ao menos dois movimentos sacádicos, o que duraria, no tempo mais curto, 4,2 décimos de segundo.

O problema, aponta o espanhol, é que, nesse intervalo de tempo, muitas mudanças podem acontecer. Segundo ele, um jogador de futebol corre em média 100 metros em 14 segundos, ou 3 metros em 4,2 décimos de segundo ‐ o suficiente para comprometer o julgamento do árbitro. Assim, conclui Maruenda, é humanamente impossível detectar o impedimento.
"Esta norma surgiu em 1866, quando não se conhecia nada de fisiologia ocular. As primeiras informações sobre os movimento sacádicos datam de 1903. Naquele tempo não se sabia que o árbitro deveria olhar três lugares diferentes ao mesmo tempo", disse o médico em entrevista à imprensa espanhola.


Maruenda enviou suas conclusões para a Fifa (Federação Internacional das Associações de Futebol) e sugeriu que o impedimento seja banido ou que se passe a usar o vídeo para detectá-lo. "O uso da tecnologia moderna ‐ como o congelamento de imagens e a análise quadro-a-quadro ‐ é recomendável para limitar os erros", conclui em seu artigo, publicado na edição de 18 de dezembro de 2004 da BMJ
Pedro Gomes Ribeiro
Ciência Hoje On-line
10/02/05



Pedro Gomes Ribeiro
Ciência Hoje On-line
10/02/05

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Foto: Pedro Gomes
Há um mês começou a primavera                           
Nosso amor falou mais alto
A moreninha tão bela
Veio de vez pros meus braços

Nosso amor repleto de brotos
Abriu-se em muitas flores
Fez-se do eterno namoro
Uma linda pintura de muitas cores

Uma história tão bonita

Que só as palavras não podem contar
É preciso ser um rico artista
Para poder expressar

Na pintura, sou um Deus nos acuda
Na fotografia não vou tão mal
Quem sabe, no cinema ou no teatro, uma aventura?
Para revelar esse amor tão especial


                                                                Te amo,
                                                                               Pedro

(poema escrito por Pedro em 23/10 para Patrícia)




                         FLORES PARA PATRÍCIA
               

Foto: Pedro Gomes



Foto: Pedro Gomes










Uma jovem mulher amada

Conheci uma jovem mulher
que mexeu comigo da cabeça ao pé
ela é morena e se chama Patrícia
se diz serena, dessas que gostam de missa

Nem sei se é cansaço, falta de tempo ou preguiça
Sei que Patrícia anda longe das ave-maria
Tanto é, que, por mais flor que apareça
Ela, hoje, tá muito mais pra correr da Igreja

Quando a conheci, ela tinha um anel no dedo
mas o outro é bobo, é moço muito do sem jeito
deixava os dias passar, sem cuidar do amar
perdia horas com briga, em vez de curtir o deitar

A jovem adoeceu, ninguém sabia ao certo do que ela padecia
Diziam ser cabeça, muita briga, anemia
Foi é que a tristeza venceu a alegria
e as dúvidas começaram a coçar nas ideias de Patrícia

Aí aparece um sujeito, ôio verde e descabelado
fala muita besteira, mas sabe ser educado
E foi assim, com muito cuidado
que, de Patrícia, eu fiquei amigado

Como era minha chefia, no primeiro poema
Eu a chamei de Patricia Duarte
Daí passou o tempo, nossa afinidade era quase plena
Um pouco com malícia, eu passei a chamá-la de Paty

Saibam vocês que tive um janeiro
Para sequestrá-la e não pedir resgate,
É o rapaz, aqui, nem sempre é ligeiro
E em fevereiro: o amor nasce

Ela, na palavra, ainda tem seu par
Eu nem me importo, esse é só um desafio
Quero estar contigo, fazer família e filho.
E antes, é bom lembrar, vou beijá-la no altar

(poema escrito por Pedro em 30/03/2006)

Pedro e Patrícia felizes na Argentina

Pedro e Patricia felizes na Argentina

Patrícia, esse é o meu presente para você hoje, dia 26 de outubro, dia do seu aniversário:
O brilho dos olhos, o sorriso mais lindo.
Lúcia, mãe do Pedro

domingo, 23 de outubro de 2011

foto tirada por Pedro Gomes
O entardecer na praia de Ipanema

Saudade

Esse foi o último texto postado pelo meu filho Pedro Gomes no Blog criado por ele.
Minhas mãos continuarão a postar os poemas, contos e reflexões que encontrar nos cadernos e papéis.
Minha saudade é enorme.
Meu amor é imenso.

Pedro na praia de Ipanema

Gato

Eu andava sempre, mesmo sem saber a hora de parar. Caminhava com o rosto de sono, os cabelos bagunçados, a camisa amassada e as sandálias surradas.

Chego à padaria do Seu Augusto, Aquele café, amigo, e ainda que fervendo, dou um sorvo, gosto de bebida quente que queima minha língua, já que ela não tem falado palavras bonitas, ao menos reclama do calor, acendo meu cigarro, resignado, esse não é o primeiro e o dia mal amanheceu, preciso diminuir, jogo fora ainda pela metade, daí passa o pivete que quer engraxar a minha sandália, Porra moleque, não está vendo que essa merda não engraxa?, Paga um pão pra mim tio, Dá um pão pro moleque, E tu?, porque não está na escola, porque a merda da minha tia que cuida de mim é cachaceira e se eu não trabalhar meus irmãos morrem de fome, mas isso o moleque só pensou, Num gosto de estudar, Que vida tu quer pra tu?, Ah tio dá um cigarro aí, Tu fuma pra quê?, depois vai querer largar e vai se fuder, seu merda num deve comer ninguém e fica enchendo o saco, mas isso o moleque só pensou, saiu andando sem se despedir.

Sento no banco da praça e começo a ler os livros que eu nunca terminei de escrever, as histórias que nunca se fecham, respiro uma mistura de ar das árvores com a fumaça, passo as páginas, meus dedos calejados, grossos e duros. A cada pausa, sou  interrompido pelos grunhidos de uma lataria velha que insistem em chamar de ônibus, tusso o cigarro que acabei de acender, a ansiedade engasgou minha tragada. Levanto do banco, os mendigos querem dormir e, como não vou oferecer minha cma a eles, deixo vazio aquele pedaço de madeira podre, mas onde ainda me sinto à vontade.

O sol me faz suar, fecho meus escritos, levanto e ando rumo à praia. Sento num desses quiosques do calçadão de Ipanema e respiro. Peço uma água, sei que não vai me acalmar, tão pouco me hidratar, mas vai fazer com que os próximos minutos sejam mais breves.

Nunca gostei de trabalho, sempre me doeu largar a boemia para vender horas da minha vida vivida, mas agora confesso a mim mesmo: era um momento como o acima, e durava horas, sim eu chorava minhas dores - ainda que escondido - sorria, ficava irritado e me divertia, ao mesnos o dia passava, não eram como os de agora que se arrastam em segundos lentos, meus lábios mal se mexem, meu olfato não é mais o mesmo, mas meu olhar me salva, mesmo cansado, meus olhos observam, às vezes não param e eu fico tonto, eu outras fico paralisado, estático, e olho para os meus pensamentos, essas horas são boas, mesmo quando tristes, são boas.

É fácil se perder no olhar nessa cidade, aqui mesmo, na praia de Ipanema, lembro, também, dos shows que fui, dos sons que ouvi, à música dou muito do meu ser, meu pensar e acreditar, quantas horas de alívio não tive ao batucar um atabaque, talvez por nunca conseguir levar um ritmo inteiro, talvez assim me entendesse mais, pois do que adianta ir atrás do que não completa?, e difícil é saber o que completa, tocar sem ir até o fim,  eu nunca vou até o fim, finjo que não o vejo, talvez que não exista, vou tocando com a eternidade do presente, com o passado escrito e o futuro incerto.
Nunca fui de me arriscar na voz, mas sempre cantei para dentro de mim, o que me atordoava era anestesiado por canções, por rimas, ecoava no meu peito as mais belas vozes da música brasileira. e como vivi momentos de pura admiração de algum groove ou um clima, que ilustravam o entusiasmo de nós, ouvintes, acordes que vibravam meus nervos.

Vivi muito tempo como se o futuro não acontecesse - agora nem quero saber dele, esse mestre das novidades e pai das ilusões, se bem que muitas vezes é o presente que guarda as maiores esperanças - ou vivi sabendo dele, mas sem querer ouví-lo bater à minha porta. Isso trouxe surpresas, desde os infortúnios até às alegrias, essas coisas sempre me tomaram, sacudindo meu corpo de supetão, e eu ainda levanto um olhar ébrio, desconfiado como quem pergunta com um discreto sorriso no canto da boca: é agora?, mas já passou e vejo-me lançado aos leões e aos abutres, sinto que meus pés já não sentem o chão duro, meu pensamento paira tão distante, e tropeço, cai a vida, abro o queixo, vou ao hospital, tomo uns pontos, e volta a vida, eu juro aos amigos que não foi a embriaguez que me derrubou, argumento muito mais como piada, e eu também rio, o futuro já virou presente e eu, mais uma vez, não me resolvi, nem por isso descando, vou remoendo meu presente que ficou passado com ferro quente, mas continuo amassado.

Hoje digo que é charme todo desconforto que sinto, exalo riso e olhar perdido, às vezes penso, sofro, mas tenho sorte, sempre um imprevisto, por mais bobo que seja, rouba-me um sorriso. E depois de tantas irritações caio num espetáculo de um desses norte-americanos mágicos de jazz, que toca um piano tão vivo, não posso me dar ao desprezo de não admirá-lo, em mim algo brilha, mas vou morrer sem saber o quê.

Essa cidade qualquer dia pára, quantos carros circulam sem rumo, nem preciso esperar o sinal ficar vermelho, atravesso entre fumaças e barulhos ensurdecedores, e o prefeito ainda quer me tirar trinta reais por não atravessar na faixa de pedestres. Eu sigo meu caminhar com um jornal embaixo do braço e um suor interminável na testa, passo por um desses ônibus abarrotados de estudantes que olham a vida com uma perplexidade qu'eu só vou recuparar quando tiver uns 90 anos, isso porque eu sei que não vou até lá, mas, se for, estarei lúcido o suficiente para entender o mundo. Quando eu perder o sentimento de observação, já estarei a caminho, o olhar me sufoca incessantemente à procura, mesmo que não queira encontrar coisa alguma.

Mergulho no mar, é bom ficar submerso, ouvir o barulho das ondas, deixar ser levado, depois ficar na areia até perder a pele, e sofro, encontro conhecidos, aqueles que de mim só conhecem o sorriso, pode?, eu que sempre estou triste, mas ninguém percebe a dor que carrego no meu sangue, quantas vezes pensei que essa mentira ia me fazer um câncer que era até um estímulo, mas hoje estou velho e ele nunca apareceu, até fumar mais eu fumei.

(postado originalmente por Pedro Gomes, em 29 de maio de 2007, no blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)
O vapor da cachoeira
não navega mais
no mar.

Clara, quente,
mergulha nágua gelada e
sai, fumaça densa.

Vê-se pela fumaça antiga
do cigarro novo
qu'eu reclamei ontem
a história pra contar amnhã
e rir das risadas antigas

E amanhece mormaço
pois as nossas fumaças
descansam

(postado originalmente por Pedro Gomes em 28 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)



        Foto tirada por Pedro Gomes
 

domingo, 11 de setembro de 2011

um pouco do brasil - o mito da "miséria do homem primitivo" (VI)

E outra vez o óbvio que passava pelas janelas dos meus olhos, que eu via, reconhecia, mas não "materializava". Nas minhas viagens, sempre preferi lugares isolados, pouco afetados pelo homem, ilhas, praias desertas, montanhas, mas nunca tinha parado para pensar, de um jeito sóbrio, sobre a lenda da "miséria do homem primitivo". Eu tenho alguma relação de identidade com o povo africano, e isso me dá o sentimento de que o ideal está no passado, porque se hoje estamos aqui é porque o passado ao menos funcionou, e pensava isso porque todos os dias gritam os jornais e os esgotos que nossa sociedade 'civilizada' caminha para uma veloz e voraz extinção. Mas até aí, ainda assim, não tinha tornado sólida a reflexão de que vivemos numa sociedade que educa de modo a formar uma ideia na qual o presente é melhor do que o passado, que no passado os homens viviam a miséria das chuvas, das secas, das fortes ondas de calor e de frio e, vende ainda, que o homem era totalmente frágil para enfrentar essas vicissitudes. Argumentos não faltam a eles, hoje vivemos mais, temos uma infinidade de aparatos tecnológicos, a medicina garante uma enorme sobrevida. Porém, o que garante essa miséria no passado do homem? Por que esse discurso é um discurso embasado em vitórias da ciência, mas essa mesma ciência, como um câncer, se consome. O avanço científico das descobertas sobre as vidas "primitivas"  levam a crer que não se morria de fome, que o homem não se matava por espaço, que não havia dominação absoluta de um povo sobre outro. Enfim, a ciência caminha para descobertas que revelam que a miséria do homem está aí hoje em dia, e quem criou as mazelas que hoje tentamos vencer foi o próprio homem.

(Postado originalmente por Pedro Gomes em 21 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)

um pouco do brasil - risco (V)

Afora as revelações desse tipo de suicídio entre os gaúchos, há outras formas dos homens de lidar com a vida: o risco, por exemplo. O risco que faz de médicos, fumantes, que faz as pessoas transarem sem usar camisinha, que é também o risco aparentemente gratuito dos esportes radicais. Penso comigo: "Sou desses que, se não desandar, têm a vida ganha, então porque, não raras às vezes, me exponho aos riscos gratuitos, e o faço sem culpa, ao contrário, faço com e pelo prazer?" E vi que a resposta estava na própria pergunta: é no tratamento que está a vida. O risco, se se realiza, é acidente e acidentes são inevitáveis, não adianta usar cinto de segurança, capacete, preservativo, porque se tiver que dar errado, a camisinha estoura - vive-se como se houvesse um transcendental inexorável. O risco é incorporado como inevitável, pouco adianta lutar contra. Mas, talvez, a graça da vida seja vencer os riscos, se expor e seguir adiante. É todo dia se matar um pouco com um trago e, ao primeiro que lhe falar sobre o risco, responder: "E se eu for atropelado num ponto de ônibus? Vou perder o prazer desse trago à toa". Antes disso, perguntei a um amigo, ao vê-lo com um capacete na mão, se ele queria morrer, se não sabia que a moto foi feita pra cair, afinal, "só tem duas rodas" e ele me respondeu: "Morrer, eu num quero, não, mas se tiver chegado a minha hora..." Sozinho nos meus pensamentos, me lembrei disso e ri comigo mesmo.

(Postado originalmente por Pedro Gomes em 21 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)

um pouco do brasil - suicídio (IV)

Outra bomba sobre o Brasil: o suicídio. Apesar de conhecer pessoas próximas que deram fim à sua própria vida durante à juventude, recusava-me, de forma cega, a enxergar nisso um traço que também tem se feito presente na rotina brasileira. Porque, na visão 'gringa' do brasileiro, nós amamos viver, apesar de todas as mazelas nos entregamos ao carnaval, ao futebol e à cachaça, e, assim, vencemos e passamos pelas amarguras. Mas, como disse Vinícius de Moraes, viver dói aos brasileiros, por isso o povo se transborda, e esse transbordamento se dá muito porque a tristeza está sempre por bater à porta dos brasileiros e o povo luta para não se entregar à miséria que a vida tenta lhe impor. Porém descobri que no sul do país a rotina do suicídio existe, e se matar não é um ato covarde. Portanto, mais do que entender sobre o suicídio - talvez a proximidade com essa violência ainda me cegue - posso reforçar a questão da honra, da masculinidade no Brasil. Por debaixo das mortes dos gaúchos grita um direito masculino de querer ser mais forte que a vida, e talvez os brasileiros sejam mais fortes que a vida muitas vezes. A vida que desmorona com as chuvas, que se petrifica na seca, e que nos gaúchos, envelhece. É claro que a resposta de cada brasileiro à dor da da vida é uma, uns insistem em vencê-la pela insistência em viver, como é o exemplo dos moradores de favelas, outros, porém, insistem em vencer a vida acabando com ela antes que ela acbe com a dignidade humana, como é caso dos gaúchos. Essa dignidade significa a juventude, significa ser forte para vencer tudo e todos, e vencer a vida quando ela começa a tomar as rédeas.

(postado originalmente por Pedro Gomes em 21 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)

um pouco do brasil - mulher (III)

Esse patriarcalismo que o português impôs aos outros povos reflete até hoje na sociedade brasileira também na relação homem-mulher. Ao homem cabe o poder, a força, a razão e tudo isso eu, Pedro, sempre desconfiei. Mas aprendi que à mulher, classificações como sexo frágil ou aquela que se pauta pela emoção são formas de se construir uma mulher dependente em relação ao homem; dependencia como seria a do africano e do indígena em relação ao português. Mas a palavra final, na sociedade brasileira, dentro do ambiente familiar, é da mulher, os problemas íntimos sempre caem no colo da mulher brasileira, responsável por solucioná-los. O homem vende aos outros homens um poder sobre a mulher, e os outros homens sabem que precisam comprar esse juízo, afinal eles também querem que os outros homens o vejam assim também. Mas é saudável notar que com o crescimento das grandes cidades, pesou à mulher a responsabilidade de educar os filhos sozinha, pesou à mulher o cargo de chefe de família, mas a elas, e no fundo, isso não foi um peso, sobre elas sempre pesou essas responsabiliodades, mas, antes, o homem, quando saía de casa com sua família, fazia questão de ser o porta-voz da casa, por mais que no ambiente familiar não o fosse.

(postado originalmente por Pedro Gomes em 21 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)

um pouco do brasil - de três raças (II)

Então, que povo brasileiro é esse? Numa música, o poeta Vinícius de Moraes diz: "Venho de três raças muito tristes e eis porque viver tanto me dói, mas não tenho, não, qualquer vocação para ser herói". Somos a mistura dos povos indígenas, português e africano. Africanos e indígenas são classificações muito amplas, os negros africanos vieram de uma região central daquele continente, e os índios, esses sim, estavam espalhados pelo Novo Continente. Já, ao afirmar a influência do povo português, ao invés de dizer europeu, fica claro que temos uma influência européia, mas uma Europa menos fechada, uma Europa que tinha o litoral como parte de seu territorio, uma Europa que desejava sair para o mundo disposta a explorá-lo e conhecê-lo. Essa mistura levou a uma realidade social curiosa, na qual o branco se impunha sobre outras raças, mas dependia delas. Criou-se uma relação familiar, com o branco português como chefe da casa. Hoje, no Brasil, reforça-se a ideia de um país mestiço, principalmente no discurso dos brancos, reforça-se a ideia de um país sem preconceito. Porém, os que são negros, ou 'mais negros', sabem que não são tratados como mestiços (em igualdade de respeito em relação aos 'mestiços mais brancos'), quando isso não interessa ao branco. Portanto, tem-se no Brasil a moral de um país dividido entre os 'mais pra brancos' e os 'mais pra negros'. Tanto é, que qualquer discurso negro que reforce sua raça, como faz o hip-hop, é visto como uma postura radical. Num rap do grupo Racionais Mc's, há um trecho que seria a voz de um policial dizendo "Escuta aqui, o filho do cunhado do meu primo é mestiço, racismo não existe, comigo não tem disso, é pra sua segurança". E, na sequência da música, o rapper Mano Brown responde: "deixa pra lá, vou escolher em qual mentira devo acreditar".

(postado originalmente por Pedro Gomes em 21 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)

um pouco do brasil - introdução (I)

Caso me perguntassem o que é a cultura Brasileira, eu me encheria de vírgulas e detalhes para não chegar em ponto final algum; não que essa objetividade seja necessaria. Mas é complicado falar sobre um país continental, que extrapola a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio. E a pergunta levou-me ao chão simples e vasto dos brasileiros: Porque 'cultura brasileira' com letras minúsculas? Antes dessa pergunta, eu poderia, no máximo, refletir sobre Culturas Brasileiras, mas trocar o substantivo proprio pelo comum é o caminho para se construir um discurso mais sincero, para iluminar as curvas de como vive e se relaciona o povo brasileiro; e no singular mesmo, até porque um dos desafios de se estudar cultura brasileira é reconhecer aquilo que faz de todas as pessoas que vivem no Brasil serem reunidas num grupo denominado brasileiro.

(postado originalmente por Pedro Gomes em 21 de amio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)

Maraca


De impuulso, impacto
num ferver alucinante
Personagens, arena
milhares pagantes

Uma conversa explícita
posições nítidas
dois lados, um desejo
e um ausente apita

Nos que não jogam, os nervos torcem
se contorcem, entram em campo, querem gritar
Gritam o tempo todo
mesmo quando silenciam

mas o grito que se quer
tem três letras, um som
lá do outro lado, o silencio
aqui:Gol!

Pedro, meu filho, no Macanã
(postado originalmente por Pedro Gomes em 17 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)
Pedro, meu filho  e seu sorriso alegre

Pedro, meu filho e a pipoca da festa

sábado, 10 de setembro de 2011


Pedro na praia, aos 24 anos - Argentina
 A extenção da costa
Só pode ser alcnçada pelo vento
Que sopra com as mãos na areia
e com o corpo no mar

O vento vaga
Com desdém ao infinito
Faz pouco caso do horizonte
indo e vindo

Por vezes, o vento sopra suave
Quase macio
Por outras, assume tamanha furia
A dizer: sou imbatível

Vento amigo
 Nunca descansa
 Como sempre lembrasse:
 Levante!

(postado originalmente por Pedro gomes em 15 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A bôua

Que noites intermináveis
no acordar de tantos esquecimentos
lembranças e sorrisos
momentos

Noites a céu aberto
um esvaziar eterno de copos
instantes, recortes
ali, os corpos

Entre infinitos adiantes
desgovernáveis rumos
nunca tudo igual
nunca falta assunto

Tampouco falta calor
nas noites que não se dorme
vida que se sangra
nos dados da sorte

(postado originalmente por Pedro Gomes em 11 de maio de 2007 - http://pedro-gomes.blogspot.com/)

Camelôs

Os homens de paus e pedras trabalhavam a pouco
Quando um careca louco, sentado no trono
ordenou: Hoje é dia de sufoco!

Meio-dia, as tartarugas ninjas sedentarias,
Por medida do mercado têm de passar o sarrafo
Coletar pirateado dos formais desempregados
Que não têm carteira, mas têm sindicato

O centro da cidade encendeia com a força do Sol
A classe media vê dos altos dos escritorios
Gritos e sangues na massa de pobres

Surjo logo apó o término
A Carioca respira enfermo
Vejo o circo desmontando
Ainda ouço berros

(postado originalmente por Pedro Gomes em 11 de maio de 2007 - http://pedro-gomes.blogspot.com/

Aterro do Rio de Janeiro

Tá rápido, sem linha as cores


Rá-rá, me dá isso aqui, porra
Rá-rá
Ai, porra, á, ááá, caralho, é foda, essa vida de mer...
...
Que sol, porra...


Acorda, coça a cara. O gramado brilha e ele lá, sozinho, estatelado
no chão e um sol escaldante. A cara amaçada com a boca suja nos
cantos. A roupa é a mesma de sempre: suja e rasgada.


Porra, que fome.
Tio, dá pá pagar um pão pá mim?
Dá um pão pra ele. Mas some daqui!

(originalmente publicado em 4 de março de 2007 - http://pedro-gomes.blogspot.com/)

CRIVOS http://pedro-gomes.blogspot.com

Este é o nome e o site do Blog criado pelo meu filho Pedro Gomes. Ainda pode ser acessado.
Pedro formou-se em jornalismo pela PUC-Rio, cursava mestrado e trabalhou na PUC, na radio Catedral, na revista Ciencia Hoje e na TV Educatica (hoje Tv Brasil), programa Sem Cencura.
O primeiro poema publicado no Blog de sua autoria data de 4 de março de 2007.
Em 30 de julho de 2007, Pedro faleceu aos 24 anos, em Caraiva, Bahia, deixando inúmeros escritos em cadernos, folhas soltas e no computador.
A ele dedico minhas mãos para continuar a postar os seus textos e meu amor para seguir em frente.

Lúcia Gomes, mãe do Pedro

Pedro, aos 24 anos, na Argentina

sábado, 27 de agosto de 2011

O vapor da cachoeira
não navega mais
no mar.

Clara, quente,                                                
mergulha n'água gelada e
sai, fumaça densa.

Vê-se pela fumaça antiga
do cigarro novo
qu'eu reclamei ontem
a historia pra contar amanhã
e rir das risadas antigas

E amanheço mormaço
pois as nossas fumaças
descansam












        Chama da vela             
           Amarela

            A chama
       não chama ninguém
    e todo mundo obedece
uns para ver, outros para fazer prece

          Carece que a vela
            é bela
         mas não é eterna

          De repente
            Foi-se ela

          E eu fico a espera
da chama que não chama ninguém

              Vela
                                        Fotografia tirada na Argentina, por Pedro                                                            

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um certo olhar

Vou mudar de nome
querer voltar
Pra'quele lugar longe
lugar que eu não conheço
mas vou arriscar assim mesmo
Imposto pelo desejo
De buscar mais um efeito
Eu vou pra dentro de mim
Pra descobrir o meu fim
Saber onde estou
Sem querer saber onde vou

Cadê o sonho perdido?

Vou brincar de ser inimigo
Vou mexer com meus proprios sentidos

Fugir da teia de aranha
Ferir-me pela façanha
Voltar a ser criança
Vindo sem ter lembrança

(poema encontrado sem título no computador após o falecimento de Pedro. Publicado no BLOG http://segundaasexta.com.br/ com foto do autor)

domingo, 21 de agosto de 2011

O Olhar Azul de Pedro

Este BLOG está criado para homenagear Pedro Gomes, meu filho, falecido aos 24 anos em Caraíva, Bahia.
Seu falecimento continua sem esclarecimento até hoje.
Aqui serão publicados seus textos pelas minhas mãos.
Lúcia Gomes, mãe do Pedro.