Pedro aos 24 anos

Pedro aos 24 anos
Pedro alimentando o pássaro

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Foto: Pedro Gomes
Há um mês começou a primavera                           
Nosso amor falou mais alto
A moreninha tão bela
Veio de vez pros meus braços

Nosso amor repleto de brotos
Abriu-se em muitas flores
Fez-se do eterno namoro
Uma linda pintura de muitas cores

Uma história tão bonita

Que só as palavras não podem contar
É preciso ser um rico artista
Para poder expressar

Na pintura, sou um Deus nos acuda
Na fotografia não vou tão mal
Quem sabe, no cinema ou no teatro, uma aventura?
Para revelar esse amor tão especial


                                                                Te amo,
                                                                               Pedro

(poema escrito por Pedro em 23/10 para Patrícia)




                         FLORES PARA PATRÍCIA
               

Foto: Pedro Gomes



Foto: Pedro Gomes










Uma jovem mulher amada

Conheci uma jovem mulher
que mexeu comigo da cabeça ao pé
ela é morena e se chama Patrícia
se diz serena, dessas que gostam de missa

Nem sei se é cansaço, falta de tempo ou preguiça
Sei que Patrícia anda longe das ave-maria
Tanto é, que, por mais flor que apareça
Ela, hoje, tá muito mais pra correr da Igreja

Quando a conheci, ela tinha um anel no dedo
mas o outro é bobo, é moço muito do sem jeito
deixava os dias passar, sem cuidar do amar
perdia horas com briga, em vez de curtir o deitar

A jovem adoeceu, ninguém sabia ao certo do que ela padecia
Diziam ser cabeça, muita briga, anemia
Foi é que a tristeza venceu a alegria
e as dúvidas começaram a coçar nas ideias de Patrícia

Aí aparece um sujeito, ôio verde e descabelado
fala muita besteira, mas sabe ser educado
E foi assim, com muito cuidado
que, de Patrícia, eu fiquei amigado

Como era minha chefia, no primeiro poema
Eu a chamei de Patricia Duarte
Daí passou o tempo, nossa afinidade era quase plena
Um pouco com malícia, eu passei a chamá-la de Paty

Saibam vocês que tive um janeiro
Para sequestrá-la e não pedir resgate,
É o rapaz, aqui, nem sempre é ligeiro
E em fevereiro: o amor nasce

Ela, na palavra, ainda tem seu par
Eu nem me importo, esse é só um desafio
Quero estar contigo, fazer família e filho.
E antes, é bom lembrar, vou beijá-la no altar

(poema escrito por Pedro em 30/03/2006)

Pedro e Patrícia felizes na Argentina

Pedro e Patricia felizes na Argentina

Patrícia, esse é o meu presente para você hoje, dia 26 de outubro, dia do seu aniversário:
O brilho dos olhos, o sorriso mais lindo.
Lúcia, mãe do Pedro

domingo, 23 de outubro de 2011

foto tirada por Pedro Gomes
O entardecer na praia de Ipanema

Saudade

Esse foi o último texto postado pelo meu filho Pedro Gomes no Blog criado por ele.
Minhas mãos continuarão a postar os poemas, contos e reflexões que encontrar nos cadernos e papéis.
Minha saudade é enorme.
Meu amor é imenso.

Pedro na praia de Ipanema

Gato

Eu andava sempre, mesmo sem saber a hora de parar. Caminhava com o rosto de sono, os cabelos bagunçados, a camisa amassada e as sandálias surradas.

Chego à padaria do Seu Augusto, Aquele café, amigo, e ainda que fervendo, dou um sorvo, gosto de bebida quente que queima minha língua, já que ela não tem falado palavras bonitas, ao menos reclama do calor, acendo meu cigarro, resignado, esse não é o primeiro e o dia mal amanheceu, preciso diminuir, jogo fora ainda pela metade, daí passa o pivete que quer engraxar a minha sandália, Porra moleque, não está vendo que essa merda não engraxa?, Paga um pão pra mim tio, Dá um pão pro moleque, E tu?, porque não está na escola, porque a merda da minha tia que cuida de mim é cachaceira e se eu não trabalhar meus irmãos morrem de fome, mas isso o moleque só pensou, Num gosto de estudar, Que vida tu quer pra tu?, Ah tio dá um cigarro aí, Tu fuma pra quê?, depois vai querer largar e vai se fuder, seu merda num deve comer ninguém e fica enchendo o saco, mas isso o moleque só pensou, saiu andando sem se despedir.

Sento no banco da praça e começo a ler os livros que eu nunca terminei de escrever, as histórias que nunca se fecham, respiro uma mistura de ar das árvores com a fumaça, passo as páginas, meus dedos calejados, grossos e duros. A cada pausa, sou  interrompido pelos grunhidos de uma lataria velha que insistem em chamar de ônibus, tusso o cigarro que acabei de acender, a ansiedade engasgou minha tragada. Levanto do banco, os mendigos querem dormir e, como não vou oferecer minha cma a eles, deixo vazio aquele pedaço de madeira podre, mas onde ainda me sinto à vontade.

O sol me faz suar, fecho meus escritos, levanto e ando rumo à praia. Sento num desses quiosques do calçadão de Ipanema e respiro. Peço uma água, sei que não vai me acalmar, tão pouco me hidratar, mas vai fazer com que os próximos minutos sejam mais breves.

Nunca gostei de trabalho, sempre me doeu largar a boemia para vender horas da minha vida vivida, mas agora confesso a mim mesmo: era um momento como o acima, e durava horas, sim eu chorava minhas dores - ainda que escondido - sorria, ficava irritado e me divertia, ao mesnos o dia passava, não eram como os de agora que se arrastam em segundos lentos, meus lábios mal se mexem, meu olfato não é mais o mesmo, mas meu olhar me salva, mesmo cansado, meus olhos observam, às vezes não param e eu fico tonto, eu outras fico paralisado, estático, e olho para os meus pensamentos, essas horas são boas, mesmo quando tristes, são boas.

É fácil se perder no olhar nessa cidade, aqui mesmo, na praia de Ipanema, lembro, também, dos shows que fui, dos sons que ouvi, à música dou muito do meu ser, meu pensar e acreditar, quantas horas de alívio não tive ao batucar um atabaque, talvez por nunca conseguir levar um ritmo inteiro, talvez assim me entendesse mais, pois do que adianta ir atrás do que não completa?, e difícil é saber o que completa, tocar sem ir até o fim,  eu nunca vou até o fim, finjo que não o vejo, talvez que não exista, vou tocando com a eternidade do presente, com o passado escrito e o futuro incerto.
Nunca fui de me arriscar na voz, mas sempre cantei para dentro de mim, o que me atordoava era anestesiado por canções, por rimas, ecoava no meu peito as mais belas vozes da música brasileira. e como vivi momentos de pura admiração de algum groove ou um clima, que ilustravam o entusiasmo de nós, ouvintes, acordes que vibravam meus nervos.

Vivi muito tempo como se o futuro não acontecesse - agora nem quero saber dele, esse mestre das novidades e pai das ilusões, se bem que muitas vezes é o presente que guarda as maiores esperanças - ou vivi sabendo dele, mas sem querer ouví-lo bater à minha porta. Isso trouxe surpresas, desde os infortúnios até às alegrias, essas coisas sempre me tomaram, sacudindo meu corpo de supetão, e eu ainda levanto um olhar ébrio, desconfiado como quem pergunta com um discreto sorriso no canto da boca: é agora?, mas já passou e vejo-me lançado aos leões e aos abutres, sinto que meus pés já não sentem o chão duro, meu pensamento paira tão distante, e tropeço, cai a vida, abro o queixo, vou ao hospital, tomo uns pontos, e volta a vida, eu juro aos amigos que não foi a embriaguez que me derrubou, argumento muito mais como piada, e eu também rio, o futuro já virou presente e eu, mais uma vez, não me resolvi, nem por isso descando, vou remoendo meu presente que ficou passado com ferro quente, mas continuo amassado.

Hoje digo que é charme todo desconforto que sinto, exalo riso e olhar perdido, às vezes penso, sofro, mas tenho sorte, sempre um imprevisto, por mais bobo que seja, rouba-me um sorriso. E depois de tantas irritações caio num espetáculo de um desses norte-americanos mágicos de jazz, que toca um piano tão vivo, não posso me dar ao desprezo de não admirá-lo, em mim algo brilha, mas vou morrer sem saber o quê.

Essa cidade qualquer dia pára, quantos carros circulam sem rumo, nem preciso esperar o sinal ficar vermelho, atravesso entre fumaças e barulhos ensurdecedores, e o prefeito ainda quer me tirar trinta reais por não atravessar na faixa de pedestres. Eu sigo meu caminhar com um jornal embaixo do braço e um suor interminável na testa, passo por um desses ônibus abarrotados de estudantes que olham a vida com uma perplexidade qu'eu só vou recuparar quando tiver uns 90 anos, isso porque eu sei que não vou até lá, mas, se for, estarei lúcido o suficiente para entender o mundo. Quando eu perder o sentimento de observação, já estarei a caminho, o olhar me sufoca incessantemente à procura, mesmo que não queira encontrar coisa alguma.

Mergulho no mar, é bom ficar submerso, ouvir o barulho das ondas, deixar ser levado, depois ficar na areia até perder a pele, e sofro, encontro conhecidos, aqueles que de mim só conhecem o sorriso, pode?, eu que sempre estou triste, mas ninguém percebe a dor que carrego no meu sangue, quantas vezes pensei que essa mentira ia me fazer um câncer que era até um estímulo, mas hoje estou velho e ele nunca apareceu, até fumar mais eu fumei.

(postado originalmente por Pedro Gomes, em 29 de maio de 2007, no blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)
O vapor da cachoeira
não navega mais
no mar.

Clara, quente,
mergulha nágua gelada e
sai, fumaça densa.

Vê-se pela fumaça antiga
do cigarro novo
qu'eu reclamei ontem
a história pra contar amnhã
e rir das risadas antigas

E amanhece mormaço
pois as nossas fumaças
descansam

(postado originalmente por Pedro Gomes em 28 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)



        Foto tirada por Pedro Gomes