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Pedro alimentando o pássaro

sábado, 14 de janeiro de 2012

Revista CHC | Edição 147

Quando crescer vou ser... lingüista!

Entenda como trabalham os especialistas nos estudos das linguagens oral e escrita
Por: Pedro Gomes Ribeiro, Instituto Ciência Hoje/RJ
Publicado em 15/06/2004 | Atualizado em 05/03/2010
Quando crescer vou ser... lingüista!
(Ilustração: Rogério Coelho).
Antônio Martins de Araújo não tinha entrado na escola, mas já adorava ir ao teatro: "Naquela época, criança não podia assistir às peças, mas eu ia com a minha mãe de criação, que trabalhava no teatro." E foi assim, reparando na linguagem, nas expressões e no ritmo das falas dos atores, que o menino começou a se interessar pelas palavras e, com apenas 15 anos, já dava aulas de português em São Luís, no Maranhão.

Hoje, Antônio é professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro e divide seu tempo entre a pesquisa por novos verbetes e os congressos de lingüistas. Mas, afinal de contas, o que é lingüística? Em poucas palavras, é a ciência que estuda as linguagens, tanto oral quanto escrita, buscando entender sua origem, transformações e regras.

Segundo o professor Antônio, as palavras podem ter três origens: "Uma hipótese seria a de que surgiram a partir das interjeições. As outras, seriam em função da necessidade humana de nomear as coisas e de se comunicar", conta ele. Provavelmente, os três fatores influenciaram para o surgimento da palavra, mas não é só com a origem das línguas que se preocupa o lingüista.

A professora da Universidade Federal da Paraíba, Elizabeth Christiano, explica que uma das funções do lingüista é criar uma escrita para uma língua indígena, por exemplo, que só existe na fala, na oralidade. "Aí, o profissional vai à aldeia, repara nos costumes, no jeito de falar da comunidade e tenta transcrever o mais fiel possível a linguagem da tribo", conta a professora. Nesse caso, o pesquisador tenta encontrar as regras daquela fala, tenta entender como os nativos a organizam.

Outra atividade que ocupa muitos lingüistas é reedição de textos antigos. Nesse trabalho, eles recuperam velhos documentos e traduzem as expressões que atualmente não são mais usadas. O professor Antônio, que passou a gostar de estudar a palavra após conhecer o teatro, é um profundo estudioso do dramaturgo Arthur Azevedo e já publicou muitas peças desse escritor.
A elaboração de dicionários e outros materiais relacionados à linguagem oral e à escrita também é tarefa para os lingüistas. Para executar um trabalho desses, é necessário uma pesquisa profunda entre o que é dito nas ruas e o que é escrito nos livros. Tanto que os dicionários são constantemente atualizados, pois a língua vive em permanente transformação.

Você deve ter percebido que a observação é uma das características fundamentais para quem vai estudar a linguagem. Outros atributos indispensáveis são: gostar de ler e ter curiosidade sobre outras culturas.

A professora Elizabeth explica que "para se tornar um lingüista, é preciso fazer faculdade de Letras e se habilitar em alguma língua". Outra possibilidade é fazer um curso de especialização em algum idioma. Porém, mesmo depois de se formar, os estudos não param. Afinal, as línguas também não param de se transformar e é preciso manter-se atualizado para ser um bom profissional.

Portanto, se você vive no mundo das palavras, procurando entendê-las, prestando atenção em gírias e expressões, pode ser que tenha uma queda para ser lingüista. Enquanto não chega a hora de escolher a profissão leia bastante, converse com pessoas que não freqüentaram a escola e faça, você mesmo, seu dicionário com palavras que não estão nos livros. Quem dá a dica é a professora Elizabeth: "O lingüista é o cientista das palavras, então, quem quer se tornar um profissional precisa ser um curioso e estar tanto na rua quanto na biblioteca."

Pedro Gomes Ribeiro,
Ciência Hoje/RJ.



 

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