Pedro aos 24 anos

Pedro aos 24 anos
Pedro alimentando o pássaro

domingo, 11 de setembro de 2011

um pouco do brasil - suicídio (IV)

Outra bomba sobre o Brasil: o suicídio. Apesar de conhecer pessoas próximas que deram fim à sua própria vida durante à juventude, recusava-me, de forma cega, a enxergar nisso um traço que também tem se feito presente na rotina brasileira. Porque, na visão 'gringa' do brasileiro, nós amamos viver, apesar de todas as mazelas nos entregamos ao carnaval, ao futebol e à cachaça, e, assim, vencemos e passamos pelas amarguras. Mas, como disse Vinícius de Moraes, viver dói aos brasileiros, por isso o povo se transborda, e esse transbordamento se dá muito porque a tristeza está sempre por bater à porta dos brasileiros e o povo luta para não se entregar à miséria que a vida tenta lhe impor. Porém descobri que no sul do país a rotina do suicídio existe, e se matar não é um ato covarde. Portanto, mais do que entender sobre o suicídio - talvez a proximidade com essa violência ainda me cegue - posso reforçar a questão da honra, da masculinidade no Brasil. Por debaixo das mortes dos gaúchos grita um direito masculino de querer ser mais forte que a vida, e talvez os brasileiros sejam mais fortes que a vida muitas vezes. A vida que desmorona com as chuvas, que se petrifica na seca, e que nos gaúchos, envelhece. É claro que a resposta de cada brasileiro à dor da da vida é uma, uns insistem em vencê-la pela insistência em viver, como é o exemplo dos moradores de favelas, outros, porém, insistem em vencer a vida acabando com ela antes que ela acbe com a dignidade humana, como é caso dos gaúchos. Essa dignidade significa a juventude, significa ser forte para vencer tudo e todos, e vencer a vida quando ela começa a tomar as rédeas.

(postado originalmente por Pedro Gomes em 21 de maio de 2007 no Blog http://pedro-gomes.blogspot.com/)

4 comentários:

  1. "A vida que desmorona com as chuvas, que se petrifica nas secas."
    Isso é muito lindo!!!
    Mais bela foi o berro para a vida, quando você saiu do meu ventre.
    Ergo um brinde a você, meu amor.
    Beijos,
    Mamãe

    ResponderExcluir
  2. Esta questão do suicidio é algo muito triste.
    Talvez um ato de desespero.Falta de amor...
    Nada tem haver com você que sempre amou a vida.
    Você não foi apenas um poeta. Você viveu como um poeta.
    Espero que sua mãe tenha forças para postar os textos escritos em cadernos e folhas.
    Dói não ouvir mais a sua voz.

    ResponderExcluir
  3. A dor da vida não justifica dizer um "não" à vida.
    Pedro sempre disse "sim", com um sorriso estampado no rosto.
    É isso que dói.
    Saudades da tia Márcia.

    ResponderExcluir
  4. Pedro merece ser lembrado em cada texto, em cada conto, em cada poema.
    Diante de um texto desses e um uma dor imensa, é preciso muita fé em Deus para seguir adiante.
    Lúcia, admiro sua força, sua fé e a forma como torna o Pedro presente.
    Beijos

    ResponderExcluir